(R)ESISTÊNCIA NEGRA: “NÃO SOFREMOS MAIS QUIETOS”

Por Luzia Aparecida do Nascimento *

O dia 20 de novembro dia da consciência negra, instituído em todo país, é muito importante para dar visibilidade às lutas dos povos negros por oportunidades iguais. Veja que nossas lutas começam há séculos com a resistência dos escravos que fugiam, montavam os quilombos, faziam greves de fome, rebeliões e praticavam suas religiões de forma clandestina. Mas essas lutas sempre foram invisibilizadas.

O surgimento dos movimentos negros tornou-se um fenômeno que utiliza diferentes formas e organizações para reivindicar direitos para população negra. Esses movimentos têm raízes na própria resistência dos negros e negras desde a escravidão. Durante a primeira República, com o crescimento das cidades, os negros se reúniam em associações de caráter cultural com o fim de manter suas tradições.

Na década de 30, a “Frente Negra” criou o primeiro partido político dos negros e negras no Brasil. Na década de 50 a história dos negros passou a ser objeto de estudo acadêmico e surge a lei Afonso Arinos, que torna a discriminação de raça ou de cor uma contravenção. Essa lei acabou por mostrar, tornar público, o racismo escondido da sociedade brasileira.

Tudo isso para mostrar que nossas lutas não vêm de hoje, mas há muito que lutamos por direitos negados ao povo negro numa sociedade de raízes escravocrata e excludente. Daí porque é importante a instituição do dia 20 de Novembro. Queiram as pessoas ou não, esta data ganha visibilidade e o tema é debatido e mencionado seja na imprensa, nas escolas, nos movimentos sociais, nas igrejas e vai fortalecendo os movimentos negros e a divulgação de nossas lutas.

A partir da década de 70, esses movimentos ganham as ruas e vão dando voz àqueles que sempre silenciaram em seus direitos, inclusive a vida. Um marco da luta para as organizações negras no Brasil foi conquistar direitos na Constituição Federal e torna a discriminação crime com a lei 7.716, de Carlos Alberto Caó. Depois várias outras conquistas vieram pela luta e pela coragem do povo negro, vitima de tanta exclusão, mas que não sofre mais calado, quieto.

Finalizando, quero ressaltar uma importante lei, a 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história da África nas escolas. Ela vem ganhando corpo e adesões, como o próprio Ministério Público, no sentido de tornar alei efetiva nas escolas públicas e privadas do pais, o que muito nos alegra, pois compreendemos que é preciso conhecer a história para respeitar, valorizar e lutar pelo presente.

*A autora é negra, mulher, professora e presidente da Unegro Pantanal Rondonópolis

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