Servidores concordam com extinção da Empaer e propõem novo instituto enxuto

O vice-presidente do sindicato dos servidores da Empaer Gilmar Brunetto concorda com extinção mas critica governador – Foto: Gilberto Leite

Os servidores da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) concordam com a extinção proposta pelo governador Mauro Mendes (DEM) na reforma administrativa que já tramita na Assembleia. A proposta é que seja liquidada e transformada em Instituto, após 27 anos de fundação e 54 de extensão rural em Mato Grosso,  com estrutura enxuta, com menos diretorias e assessores e com os servidores em regime de CLT.

Segundo o sindicalista Gilmar Brunetto, o Gauchinho, atual vice-presidente do sindicato que representa os servidores da Empaer, a proposta será apresentada aos deputados estaduais na próxima semana. Além disso, os servidores também se colocam a disposição para discutir alternativas junto ao Governo.

“Somos favoráveis a extinção da Empaer  e vamos propor a cada deputado a criação de um  Instituto enxuto, diminuindo diretorias e assessores. Queremos encontrar uma solução  para priorizar a assistência técnica, a  pesquisa e a extensão rural para cumprir a atividade finalística”, disse Gauchinho.

  Um dos motivos que levou Mauro a propor a extinção da Empaer é a folha salarial, que ultrapassa os R$ 8 milhões mensais. Nesta semana, o governador declarou que encontrou motorista da empresa recebendo R$ 15 mil e servidora de cafezinho com salário de R$ 13 mil e, por isso, determinou auditoria na folha salarial do Estado.

Para o sindicalista, Mauro está equivocado sobre a realidade das empresas públicas. Alega que existem situações similares no Intermat, Indea e Sema, mas somente a Empaer tem sido atacada pelo chefe do Executivo.

 “O governador precisa entender que são servidores com 40 anos de Empaer e que cumpriram as progressões de carreira. Esse não é o problema do Estado e sim, uma cortina de fumaça. Infelizmente, o disco do Mauro riscou e ele não consegue falar das empresas com situações exatamente iguais”, completou o Gauchinho.

Mudança de posicionamento

Além disso, o dirigente sindical lembra que na campanha eleitoral Mauro chegou a gravar vídeo, junto com Ellen Silva Costa, ex-presidente do Sinterp, prometendo reestruturar a Empaer, mas mudou de posicionamento logo após assumir a chefia do Executivo. A gravação foi feita pelo próprio Gauchinho em ato de campanha do democrata na feira do CPA II.

Finanças

A Empaer conta com aproximadamente 660 servidores efetivos e cerca de 130 comissionados. Os salários, conforme o Portal Transparência do Governo do Estado, atualizado pela última vez em outubro, variaram de R$ 954,00 até R$ 24,9  mil, o que totaliza mais de R$ 8 milhões mensais.

Para 2018, o orçamento projetado da Empaer foi de R$ 148,6 milhões. Efetivamente, foram executados R$ 137,9 milhões, incluindo a folha salarial, custeio e investimentos.

A Empaer também possui uma dívida junto a União que pode chegar a R$ 180 milhões, o que coloca e empresa no cadastro de inadimplentes. A situação impede o acesso a recursos federais e até mesmo internacionais.

Estrutura

Além da presidência, a Empaer mantém diretores de Administração Sistêmica; Assistência Técnica e Extensão Rural; e Pesquisa e Fomento. As coordenadorias abrangem ATER; Pesquisa e Fomento; Gestão de Pessoas; e Administração e Apoio Logístico.

Atualmente, a Empaer mantém escritórios em 133 dos 141 municípios de Mato Grosso. São três campos experimentais em Cáceres, Sinop e Várzea Grande e quatro viveiros em  Rosário Oeste, Acorizal, São José dos Quatro Marcos e Nossa Senhora do Livramento.

A estrutura física da Empaer está praticamente toda sucateada. Ainda assim, o Governo perdeu cerca de R$ 7 milhões para construção da nova sede. O recurso foi garantido no orçamento de 2008, via emenda do senador Jonas Pinheiro (já falecido) e o convênio para liberação foi firmado entre o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o ex-governador Silval Barbosa em 2010. Entretanto, retornou para os cofres da União porque a primeira empresa faliu e o Executivo não conseguiu realizar a segunda licitação.

(Por Jacques Gosch, do RDnews)

 

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