Sobre o consumo da erva: “Sou consumidora sim, de erva de tereré”, escreve professora universitária em artigo

Professora doutora Gicelma Chacarosqui *

Car@s amigos, preciso compartilhar o que aconteceu comigo hoje. Estou fazendo pós-doutoramento na UFMT em Cuiabá. E me chamaram de maconheira ao chegar pra aula na UFMT.
Eu fui pra Universidade de Uber e o motorista não sabia aonde era a FCA (Faculdade de Comunicação e Artes) . Dentro do carro eu estava ao celular e não vi quando o motorista parou para perguntar aonde era a FCA para alguns alunos que passavam.
Os alunos que foram abordados eram da engenharia e responderam: Ah somos da Engenharia e essa Faculdade é prá lá, aquele antro, lugar que só tem maconheiros.
Olha, me revoltei. Fiquei de cara. Como não aguento falta de educação, larguei o fone e disse:
_ Sim é um antro, é meu lugar, minha Faculdade, antro de conhecimento, de gente humana linda que pensa e não rumina. E tem mais, sabe quem sou eu? Sou eu que trago as ervas, lá da do MS, fronteira com o Paraguai. Babaca.
E o motorista foi saindo, nem vi se responderam…
O motorista pediu mil perdões pelos moleques. E eu disse:
_Meu senhor, estou fazendo pós-doutoramento, então eu acho que a erva que uso é boa pra inteligência(risos).
Esses moleques acham que esse discurso não nos atinge? Para sociedade, todos da universidade independente da faculdade, somos comunistas e maconheiros, inclusive eles, na verdade por aí rola que eles são até piores: são carreeiros… afff, eu acho triste e lastimável.
Já eu? Eu sou baivinhemense minha gente, rodada, pois trafico erva… ERVA DE TERERÉ.
Tudo isso é fruto desse discurso bolsonarista de desconstrução da educação, das instituições educacionais e da profissão do professor.

Coloquem a mão na consciência minha gente, que ignorância, quer dizer que porque sou engenheiro sou melhor do que quem faz letras,música, artes ou qualquer outro curso das humanas? Quer dizer que meus vícios e meu caráter serão medidos pela profissão que escolhi? Perguntem isso para as famílias que possuem filhos com problemas com drogas e saberão que não é bem assim.

Mas tenho outra sugestão: Que tal dar uma geral no Congresso Nacional, no Palácio da Alvorada? Nos ministérios brasileiros, na PGR, etc… Acho que as drogas andam é por lá, disfarçadas em seres humanos, pois os discursos que saem desses lugares são discursos alucinados, surreais, discursos que são uma droga, vindo de gente que não passa de uma droga…
Pronto falei. Ufa que alívio…

* A autora é professora da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e fazendo pós-doutoramento na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso)

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