Surge o primeiro time feminino de futebol de pessoas amputadas do país

Em um esporte predominantemente masculino, as atletas buscam conquistar o próprio espaço

Presente na vida de muitos brasileiros, o esporte pode mostrar-se uma verdadeira ferramenta de desenvolvimento individual e social. Com a proximidade do Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, é fundamental ressaltar o papel transformador do esporte na vida de muitos atletas com deficiência. Um exemplo recente, acompanhado pelo mundo todo, foram os  Jogos Paralímpicos, que mostraram que a deficiência torna-se uma mera coadjuvante na história dos participantes.

Desafios diários e quebra de tabus – Apesar das modalidades paralímpicas estarem se ampliando cada vez mais, a sociedade ainda há muito que se fazer para que todos tenham a oportunidade de fortalecer seu potencial esportivo, um dos verdadeiros objetivos da inclusão, Adicione a isso o fato de ser mulher e frequentar um ambiente predominantemente masculino. É exatamente o que um grupo de mulheres de Sorocaba, interior de São Paulo, fez, e está fazendo: elas criaram o primeiro e único time feminino de futebol de pessoas amputadas do país.

A equipe existe há menos de dois meses. Algumas das atletas já praticavam a modalidade, mas em times masculinos. É o caso de Vivi Antunes, a pioneira no time. Vivi perdeu a perna esquerda após sofrer um acidente e encontrou no esporte uma ‘salvação’, como ela mesma afirma: “O futebol hoje em dia é essencial na minha vida!”. A atleta, que tem uma rotina intensa de treinos, é também a primeira mulher no Brasil a fazer um gol na modalidade, marcado enquanto ainda jogava entre os homens.

Por incentivo de Paulo Vasconcelos, técnico do time masculino e idealizador do projeto, elas aceitaram o desafio de formar uma equipe de mulheres. “Por termos a concepção de que o futebol é um esporte quase que exclusivamente masculino, foi desafiador incentivá-las a aderirem ao esporte como ferramenta de inclusão e trazê-las para dentro do campo. Para deixá-las mais à vontade, foi inclusive criada uma comissão técnica somente feminina”, comenta Paulo.

A técnica da equipe é Beatriz Ramos, que nunca tinha vivenciado uma experiência como essa, e afirma: “Trabalhar com o time feminino de futebol de amputados ampliou minha mente e me faz, a cada dia, evoluir como profissional e como pessoa”.

A equipe feminina conta com 11 atletas (pouco mais de um time completo, já que no futebol de amputados, são sete jogadores de cada lado). Além de Vivi Antunes, a equipe é formada por Hetieli, Viviane Aguera, Selma, Letícia Adum, Letícia, Jussara, Amália, Katiane, Rafaela e Eliana, exemplos que mostram que lugar de mulher com deficiência também é onde ela quiser.

Os treinos são realizados uma vez por semana e elas já sonham com o surgimento de novas equipes e com a criação de uma liga profissional. O objetivo é que mais mulheres pelo Brasil se inspirem na equipe de Sorocaba e formem novos times femininos, para que elas possam disputar campeonatos e representar sua cidade.

A modalidade – O futebol de amputados é uma variação do futebol convencional e conta com a participação de jogadores com amputação de membros inferiores e goleiro com amputação de membros superiores. A modalidade chegou ao Brasil em 1986, ano em que também aconteceu a primeira competição brasileira, na cidade de Linhares-ES. Atualmente, o Brasil é o único país tetracampeão de Futebol de Amputados, sendo uma das maiores potências da modalidade no mundo. (Fonte: Portal Mandala)

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