Tatuadora que se divide entre trabalho e vida materna diz que ser mãe é uma “obra de arte”
Se colocar em segundo plano, se submeter a empregos e situações difíceis, são alguns dos fardos que uma mãe tende a suportar pelo bem estar de sua prole. Com a rotina tão sobrecarregada com cansaço e exaustão, ainda se desdobram para serem mães, atuarem no mercado de trabalho, serem donas de casa, esposas dedicadas ou mesmo solteiras independentes.
Thais Akemi Kuratomi é um exemplo dessas mulheres que desempenham vários papeis, sendo mãe e empresária. A tatuadora de 27 anos é mãe do Miguel, 03 anos, e relata como é difícil administrar trabalho e vida materna. “Além de tatuar e administrar uma empresa, sou mãe e dona de casa. Miguel tem 03 anos e ainda se alimenta do leite materno. Filho pra cuidar, casa pra limpar, comida pra fazer, é enlouquecedor,” esclarece a artista.
Thais é dona de uma galeria de arte, sendo a primeira mulher douradense a entrar no ramo das tatuagens. A artista explica como foi desafiador o seu progresso. E foi justamente buscando como alternativa adentrar no mercado que até então era predominantemente masculino, que enfrentou o machismo e abriu espaço para outras mulheres tatuadoras.
Ela recorda sua trajetória e conta as dificuldades que enfrentou, como a falta de apoio familiar e a descrença no seu potencial. Pondera que, após quase sete anos de profissão, dificuldades sempre surgem, tendo como exemplo a pandemia, onde teve que sobreviver enquanto empresa, para garantir o sustento de sua família.
Relembrando seu trajeto, a mãe de Miguel declara como surgiu seu interesse na área. Thais diz que é apaixonada por arte desde muito nova, principalmente desenho e artesanato. Sem apoio da rede de ensino, e enfrentando julgamentos de terceiros para atuar em uma “profissão de verdade”, cogitou em ser professora de História.
“Com toda a pressão do vestibular, e eu ainda com 17 anos sem saber que rumo tomar, acabei entrando na faculdade de Psicologia. Acabei me apaixonando pelo curso e minha vontade de ser professora se manteve. Trabalhei em educação infantil por pouco mais de dois anos. Já estava no final do terceiro ano de curso quando um trágico acidente me fez largar tudo para ser acompanhante em hospital”, explica a artista.
Se vendo sem condições psicológicas para continuar o curso resolveu, no ano seguinte iniciar a graduação em design de interiores, para manter sua saúde mental, despertado assim seu sonho adormecido. Foi sendo tatuada, em uma arte que levou 4 sessões e reparando no tatuador ensinando a outros profissionais, que se motivou a persistir no seu propósito.
“A primeira vez que peguei em uma máquina de tattoo já tatuei um desenho meu. Naquele momento eu soube que era isso que eu queria pra vida,” destaca Thais.
Pensando no passado, a profissional relembra de 2018 quando, grávida de 3 meses, foi a única mulher na Convenção Internacional de Assunção, no Paraguai, onde conquistou a primeira colocação na categoria de pontilhismo com um trabalho feito em seu marido. “Foram quase 18 horas tatuando, divididas em dois dias seguidos de trabalho”, descreve a tatuadora.
Respondendo orçamentos, produzindo artes, administrando redes sociais e atendendo clientes, Thais já passou cerca de 12 horas seguidas tatuando, mas sempre pensando em seu filho, deixando aqui um recado para seu pequeno. “Todas as horas que passamos longe, é por que a mamãe estava trabalhando. Foi pra garantir o seu bem estar e sempre pensando em você. Você é a razão de eu não desistir, te amo mais que tudo,” registra a mãe de Miguel.
São mulheres assim, dedicadas, mães amorosas e esforçadas, que nos mostram que apenas um dia das mães é pouco para descrever o tamanho da batalha diária para prover o melhor pro seus filhos.
Atualmente o trabalho de Thais é acompanhado por mais de 9 mil pessoas. Você pode conferir em @akemikuratomi, seu perfil no Instagram.
Confira mais alguns de seus trabalhos:
(Reportagem de Karol Viana)