Últimos sete anos devem ser considerados os mais quentes da história

Um novo relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontou que os últimos sete anos devem ser considerados os mais quentes da história.

Dentre os registros feitos pela organização, 2021 ocupa a quinta posição entre os sete anos mais quentes.

A situação só não foi pior, por conta de um evento atípico de resfriamento registrado nos primeiros meses do ano, o “La Niña”.

Por outro lado, a elevação dos níveis dos oceanos atingiu um novo recorde, graças ao contínuo aquecimento e acidificação das águas.

O Estado do Clima Global 2021 é um relatório provisório, mas já listou alguns dos eventos extremos mais significativos dos últimos nove meses, incluindo o recorde de temperatura de 54,4ºC no Vale da Morte, na Califórnia, a estiagem atípica na América do Sul e as inundações na Europa.

O secretário-geral da ONU reforçou que as provas apresentadas no relatório devem ajudar a nortear as negociações durante a COP26, em Glasgow, que começou no último domingo.

“É hora dos líderes tomarem ações tão claras quanto as evidências científicas”, afirmou António Guterres.

Um novo relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), mostrou que as concentrações de gases de efeito estufa bateram um novo recorde e estão empurrando o planeta para um território desconhecido, onde haverá prejuízos tanto para as gerações atuais quanto para as futuras.

O relatório provisório Estado do Clima Global 2021 foi produzido pela OMM com base em dados dos primeiros nove meses do ano.

Segundo o levantamento da organização, a tendência é que os últimos sete anos sejam oficializados como os mais quentes de todos os tempos.

Divulgado no momento em que políticos de todo o mundo começam o trabalho de negociação na COP26, em Glasgow, o relatório afirma que 2021 está “apenas” na quinta posição, entre os sete anos mais quentes já registrados pela organização, por conta de um evento esporádico de resfriamento, o “La Niña”, que atingiu o planeta no início deste ano.

Por outro lado, o documento é taxativo ao afirmar que o aumento global do nível do mar acelerou desde 2013, alcançando um novo recorde, graças ao contínuo aquecimento e acidificação dos oceanos neste período.

O relatório combina contribuições de várias agências das Nações Unidas, serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais, além de contar com a avaliação de cientistas.

O documento destaca os impactos destrutivos das mudanças climáticas na segurança alimentar e em ecossistemas cruciais, além de fazer uma associação entre esta crise e o deslocamento de populações, bem como a desaceleração do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030.

Hora de agir

Em uma declaração em vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o relatório reúne as mais recentes evidências científicas para provar que o planeta está mudando, diante de nossos olhos.

“Das profundezas do oceano ao topo das montanhas, do derretimento de geleiras a eventos climáticos extremos implacáveis, ecossistemas e comunidades em todo o mundo estão sendo devastados. A COP26 deve ser um ponto de virada para as pessoas e para o planeta”, afirmou.

Para o chefe da ONU, “os cientistas são claros sobre os fatos”. Agora, argumenta, “os líderes precisam ser igualmente claros em suas ações”.

“A porta está aberta. As soluções estão aí. A COP26 precisa ser um ponto de virada. Devemos agir agora, com ambição e solidariedade, para preservar o nosso futuro e salvar a humanidade”, concluiu.

Extremos

O relatório lista alguns dos eventos extremos do ano passado. No pico mais alto do manto de gelo da Groenlândia, por exemplo, choveu, em vez de nevar, pela primeira vez.

As geleiras canadenses sofreram derretimento rápido. Uma onda de calor no Canadá e em partes dos EUA empurrou as temperaturas para quase 50°C, em um vilarejo na Colúmbia Britânica. O Vale da Morte, na Califórnia, atingiu 54,4°C.

Muitas partes do Mediterrâneo experimentaram temperaturas recordes. O calor foi acompanhado muitas vezes por incêndios devastadores.

As chuvas esperadas para meses inteiros caíram em questão de horas, na China e em partes da Europa, causando dezenas de vítimas e bilhões em perdas econômicas.

Em contrapartida, um segundo ano consecutivo de seca na região subtropical da América do Sul atingiu a agricultura, os transportes e a produção de energia.

Para o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, todos esses eventos mostram que “eventos extremos são o novo normal”.

“Há cada vez mais evidências científicas de que alguns desses eventos carregam a marca de terem sido induzidos pela ação do homem”, acrescentou.

Na atual taxa de aumento nas concentrações de gases de efeito estufa, o mundo verá um aumento de temperatura no final deste século muito acima das metas do Acordo de Paris, que estipula uma taxa entre 1,5 e 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. (ONU)

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