Vacina contra o vírus: “Quem deveria ter a última palavra é a ciência e não a política”, diz infectologista
Desde o início da pandemia, pesquisadores de todo o mundo estudam para o desenvolvimento da vacina do COVID-19. Recentemente, com a aprovação desses imunizantes, países como a Inglaterra e Rússia já iniciaram o período de aplicação da vacina em sua população. No Brasil, o governo de São Paulo comprou a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e a prefeitura de Campo Grande está em contato para efetuar a compra dessas doses de vacina. O Jornal da Hora entrevistou o médico infectologista Rivaldo Venâncio, que é especialista da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).
De acordo com um estudo feito pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB), 78,1% dos brasileiros se mostram favoráveis a serem imunizados contra o novo coronavírus, entretanto, quando se fala a origem dessas vacinas, essa porcentagem reduz em 16,4%. Rivaldo Venâncio avalia que esses debates dos governantes sobre a pandemia, acabou politizando o assunto, consequentemente desviando do principal foco, que é a atual situação do país.
“Quem deveria ter a última palavra é a ciência e não a política. Nós temos várias cidades do país que estão sem leitos para internar esses doentes, nós temos pessoas morrendo em cadeiras porque não tem um leito de UTI. Então esse debate sobre ser vacina chinesa ou não chinesa acaba desviando o nosso principal assunto, que é a situação macro que o país está vivendo” declarou.
Uma preocupação da população é referente a qualidade da vacina, por ter sido desenvolvida em tão pouco tempo, mas segundo o infectologista, esses estudos já existiam desde 2003, quando houve a crise da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O que aconteceu é que houve o reaproveitamento de estudo. “Essa vacina que está se discutindo agora, tanto a chinesa, como a de Oxford, elas já saíram com uma experiência acumulada de pelo menos 10 anos de estudo”.
O especialista pontua que é preciso de otimismo da população para os próximos meses que virão. “É preciso baixar a poeira, diminuir essa politização, isso não leva a nada e não beneficia a população, só ajuda a dar um ‘nó’ no imaginário da população”. (Fonte: Arthur Mário/Jornal da Hora)