Vereador por Várzea Grande diz que Câmara Federal precisa de corajosos para discutir homofobia

Ícaro Reveles: “A partir do momento que se aumenta o rigor da lei, a sociedade tende a respeitar um pouco mais” – Foto: Alair Ribeiro

Vereador por Várzea Grande, o advogado Ícaro Reveles (PSB) tenta, nas eleições deste ano, uma das oito vagas destinadas a Mato Grosso na Câmara Federal. Gay assumido, o parlamentar defende pessoas corajosas no Congresso para destravar pautas importantes para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Em conversa com o site Midianews, Ícaro afirmou que a política é “hipócrita” e cheia de “falso moralismo”, em que agentes públicos preferem segurar projetos que podem beneficiar pessoas em situação de risco.

“As pessoas preferem jogar um problema para baixo do tapete e arquivar um projeto por oito ou 10 anos, enquanto a população, por menor que seja, continua sofrendo. Por isso, precisamos de políticos com coragem. E com humildade para entender que a gente não sabe tudo. A gente precisa da ajuda das pessoas, de cientistas, professores de pessoas que entendam das coisas para no final chegar e falar ‘É isso’. E daí virar a lei”, afirmou.

Entre essas pautas está a homofobia, que é o ódio aos homossexuais.  Ícaro defendeu que a torne em crime inafiançável. Mato Grosso registrou no ano passado 14 mortes motivadas por homofobia, segundo o Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH). O número faz do Estado um dos mais inseguros para esta população no Brasil.

“A homofobia ainda é um tabu. Esse projeto de lei é justamente o ponto crucial, de criminalizar a homofobia. Colocar a homofobia dentro de crimes. O preconceito contra o LGBT é a mesma coisa que o preconceito contra o negro, contra o índio, que hoje não está nesse rol. Tonar isso em crime inafiançável, como o crime de matar uma mulher por ela ser mulher”, disse.

“Para inibir o agressor. O LGBT é agredido por ser LGBT, por mais nada. Então, o foco principal disso é a legislação. A partir do momento que se aumenta o rigor da lei, a sociedade tende a respeitar um pouco mais por medo. Por temer ser preso, por temer ter que pagar fiança. Infelizmente é assim. Porque a cultura pode ser que não mude, mas o temor da lei pode fazer com que amenize essas tragédias que vem acontecendo no meio LGBT”, afirmou.

Ícaro defendeu, ainda, a doação de sangue por homossexuais, o nome social de pessoas transexuais, travestis ou qualquer outro gênero.

Outras pautas, o parlamentar defendeu a necessidades de estudos. Entre elas, a questão do gênero.

“Precisamos de pessoas corajosas, que não tenham medo de discussão. Como a ideologia de gênero. É algo que não temos conhecimento, é algo que precisa ser estudado. Não é algo político. É cientifico. Depois de ser estudado, tem que ser colocado no papel, porque quem não passa por isso, acha um absurdo, mas para quem tem uma criança que sofre com transtorno de gênero, sabe o problema que é”, disse.

Í“O que a gente precisa é combater a hipocrisia e colocar isso em uma mesa de discussão. Vamos ver quais são os problemas dessas pessoas. Que seja para ajudar uma ou mil pessoas dentro do Brasil”, afirmou.

Sem minoria

Para o candidato, os LGBTs não são mais minorias. Entretanto, ele defendeu que a comunidade se una de modo a conseguir eleger um representante.

“É tratado como uma minoria, como se fossem pouquíssimas pessoas no Brasil. Mas não é assim. O homossexual está em todos os lugares. Em todas as classes sociais. Não é mais uma minoria. É porque trata-se de preconceito. Não somos mais minorias, somos uma grande parcela da sociedade”, afirmou.

“Mas falta união. Falta conscientização dos LGBTs em colocar pessoas que realmente representem esse segmento. O evangélico só vota em evangélico, militar só vota no militar. Então, acredito que o meio LGBT tem que começar a ter esse despertar para ter representantes que vão lutar pelos nossos direitos”, disse.

Aborto, maconha e armas

Caso eleito, Ícaro poderá ter que lidar com assuntos como liberação do aborto, descriminalização da maconha e do armamento social. Sobre as duas primeiras pauta, se disse contrário.

“Com relação ao aborto, defendo que fique como está. Somente em caso de estupro e bebês anencéfalos. Porque o Brasil ainda não está preparado culturalmente para liberar este tema. Ainda precisa de muita evolução social, diminuição da pobreza, para que isso possa acontecer. Acho que vai ser uma banalização da vida isso”, afirmou.

“Com relação ao aborto, defendo que fique como está. Somente em caso de estupro e bebês anencéfalos. Porque o Brasil ainda não está preparado”

“A maconha é um tabu. Acho que de imediato tem que ser descriminalizado para uso medicinal, porque a gente sabe que centenas de famílias conseguem judicialmente a aprovação para o uso da cannabis para uma série de tratamentos. O uso recreativo precisa de mais estudos. Precisamos primeiro controlar mais a violência, tráfico de drogas, para que haja um controle dentro de um País grande como o Brasil, corrupto”, disse.

Sobre armamento, o parlamentar disse que não resolverá o problema da Segurança. Mas defendeu que o cidadão tenha o direito de se defender.

“Falar que isso vai diminuir a violência não vai acontecer. Porque o cidadão comum, humilde e trabalhador não vai ter acesso a uma arma. O bandido tem dinheiro para comprar uma arma, mas o cidadão de bem não tem dinheiro nem para pagar suas contas”, afirmou.

“Para se ter o porte de armas, terá que preencher um rol de requisitos que só quem tiver muito dinheiro vai conseguir fazer isso. A gente vai acabar caindo na mesma. Vai dar suporte para o bandido se legalizar. Mas sou a favor do cidadão de bem de poder de defender dentro de sua casa”, disse.

Esporte e recursos para MT

Ícaro se elegeu vereador com discurso voltado ao esporte. Desde novo, segundo ele, é ligado ao setor. Caso eleito deputado federal, disse que também ajudará o Esporte de Mato Grosso. Defendeu que a baixada cuiabana precisa de representantes na Câmara para trazer recursos para a região.

“Estamos sem representatividade. Estamos há mais de 10 anos sem representantes na Câmara Federal. Com quase 200 mil eleitores não temos nem deputado estadual. Falta uma conscientização dos eleitores da minha cidade e até da baixada cuiabana. Somos mais de 600 mil eleitores e temos só dois deputados estaduais”, disse.

“Também sou da área esportiva e quero defender bandeiras da juventude. Acho que a gente precisa dar oportunidade de emprego, de lazer. Hoje, não tem lazer em Mato Grosso. Algumas cidades investem nisso, mas atravessando a ponte, indo para Várzea Grande e outros lugares não tem opções. E isso é algo que ninguém valoriza. Esporte é tudo: é Educação, Segurança, Saúde, profissão, inclusão social. E quero trabalhar muito nessa área. Também em Cultura e Turismo”, completou.

(Por Douglas Trielli, do midianews)

 

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