Vice-prefeita em MS faz ataques homofóbicos ao pedir votos para a filha candidata

A vice-prefeira de Rio BrilhanteJuraci Souza Silva (foto), do PSC, fez diversos ataques homofóbicos num áudio encaminhado à um grupo da Igreja Batista. Na mensagem, a mulher que é evangélica, solicita voto à filha para ao cargo de Conselheira Tutelar na eleição que ocorrerá no domingo (1). Para convencer os irmãos da igreja, ela usa diversos justificativas homofóbicas, para que os pretensos eleitores escolham sua filha.

Ela inicia a conversa de maneira amena, respeitosa, cortejando os irmãos de igreja a comparecer na eleição, dando como sugestão o nome de sua filha: “Só passando para lembrar para os irmãos que a eleição é domingo, dia 1º, na escola Cirio Borges. Somente a escola vai estar com as urnas para eleição do Conselho Tutelar, é urna eletrônica, não tem fila, porque vai ser bem rápido. Não é uma eleição obrigatória, mas a gente está convocando os irmãos, pedindo apoio, pedindo ajuda. A minha filha é membro da Igreja Batista, professora de escola dominical, líder do departamento infantil da igreja, Fisioterapeuta por formação. E eu gostaria de pedir o apoio dos irmãos, para que nós pudéssemos estar levando um voto para minha filha”, disse.

Na sequência, inicia-se um verdadeiro show de manifestações criminosas. Para sustentar que sua filha é o melhor nome para o cargo de Conselheira Titular, Juraci emenda: “É, eu vejo que o diabo tem organizado o seu exército, para poder nesta eleição de Conselho Tutelar, convocando LGBTQIA+, nós estudamos na escola dominical o que esse povo representa, para poder votar nos seus candidatos. Agora, vocês para pensar, um LGBT cuidando de crianças, cuidando de adolescentes, de jovens”, infringe.

Na sequência, Juraci diz que a presença de pessoas LGBTQIA+ nos espaços é muito em razão do governo. “Nós estamos vendo que tudo isso são as pautas progressistas que esse governo tem colocado a disposição da população, e nós como crentes não podemos de jeito nenhum ficar calados. Vamos eleger os nossos irmãos, vamos votar nas pessoas que tem princípios evangélicos, que tem compromisso com a palavra de Deus para que não venhamos sofrer os danos, as consequências”, cobra. .

Ouça:

 

Outro lado – A reportagem do MS Notícias procurou Juraci, a fazendo os seguintes questionamentos:

  • Para você, pessoas LGBTQIA+ são do diabo?
  • O que estudam na escola dominical? O que as pessoas LGBTQIA+ representam na Igreja Bastista?
  • Qual o problema de uma pessoa LGBTQIA+ ser Conselheiro Tutelar?
  • A qual governo se refere quando critica as pautas progressistas?

A vice-prefeita enviou duas respostas, por áudio, à reportagem. Na primeira, ela alega que tem o direito de ser homofóbica. “Vocês podem colocar o posicionamento de vocês, nós que não coadunamos com as mesmas ideias não podemos colocar os nossos pensamentos, né? Então, é aí que está a questão, né? Nós não podemos falar que somos contra, nós não podemos falar que não aceitamos, mas vocês podem colocar o posicionamento de vocês e nós somos obrigados a aceitar e ficar quietos, né?”. Na segunda resposta, em áudio, após ser questionada sobre quem seria “vocês” e “nós”, a que se refere no 1º áudio, a vice-prefeita reage agressivamente: “Amigão, eu não te conheço, não sei quem você é, tá? E não sei o que você pretende, o que você quer, mas eu não vou ficar falando com você, não. E tendo que explicar para você o que eu penso, o que eu acho, o meu pensamento. Não vou ficar perdendo meu tempo aqui não, tá?”, finalizou.

Telefonamos e enviamos mensagens ao prefeito Lucas Centenaro Foroni (MDB), para saber se ele tem conhecimento dos ataques homofóbicos de sua vice, e o que pensa disso. No entanto, as ligações e mensagens não foram respondidas até a publicação deste conteúdio.

O QUE DIZ SUBSECRETARIA 

Procurado, o Subsecretário de Políticas Públicas LGBTQIA+, Vagner Campos Silva, disse que a Sub já está atuando para combater esses ataques contra candidatos aos Conselhos Tutelares que estão acontecendo em todo Mato Grosso do Sul. Vagner orientou quais caminhos as pessoas podem seguir para combater pessoas criminosas como Juraci: “Para devidas providências e ações judiciais… Melhor encaminhamento para denúncias e Ministério Público Estadual, que já está atuando provocado e colhendo todas essas provas. Outra forma de denúncia é a própria comissão que organiza esse Processo Eleitoral. Essas denúncias serão todas identificadas e julgadas”, observou.

Vagner encaminhou uma nota da entidade em que há posições contra ataques como os de Juraci. Eis a nota:

A Subsecretaria de Políticas Públicas LGBTQIA+ de Mato Grosso do Sul (SubsLGBTQIA+MS) instituída pela Lei n. 4.982, de 14 de março de 2017, unidade subordinada à Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (SETESCC), tem por finalidades precípuas a elaboração e a execução de políticas públicas voltadas para as pessoas que se identificam como LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexuais ou com outras orientações sexuais e identidades de gênero não designadas expressamente pela sigla, representadas pelo símbolo + (mais).

Nesse contexto, vimos repudiar veementemente textos, vídeos e áudios discriminatórios que estão circulando por ocasião da eleição de Conselheiros (as) Tutelares em todo o Estado de Mato Grosso do Sul, atacando a população LGBTQIA+.

Vale ressaltar que, no julgamento emblemático e conjunto da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO n. 26 e do Mandado de Injunção – MI n. 4.733, a Corte Suprema do país (STF) equiparou a HOMOTRANSFOBIA também denominada por nós de LGBTQIA+FOBIA ao crime de RACISMO.

Com o objetivo de pôr fim a uma omissão histórica do legislativo nacional no que diz respeito às demandas apresentadas pela população LGBTQIA+, sobretudo, aquelas relacionadas a violência praticada contra essa parcela tão vulnerabilizada da população brasileira.

Sendo assim, diante do caso em tela, não permaneceremos inertes à possibilidade de adoção das medidas cabíveis ao caso.

(Por Tero Queiroz, do msnoticias)

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