Vinte e um fatos que tornaram incríveis os Jogos Paralímpicos de Tóquio para o Brasil
Daniel Dias foi o último brasileiro a se apresentar nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, como porta-bandeira no encerramento da competição, na manhã deste domingo, 5, no Estádio Nacional de Tóquio.
O Brasil se despede da competição com o maior desempenho de todos os tempos, na sétima colocação do quadro de medalhas, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. O primeiro lugar foi a China, com 95 ouros entre as 206 conquistas na capital japonesa.
Não faltaram motivos para a missão brasileira em Tóquio entrar para a história do esporte brasileiro. Abaixo, resumimos em vinte um pontos os fatos marcantes da melhor campanha do país em Jogos Paralímpicos.
– Maior delegação fora do país
A delegação brasileira foi composta por 259 atletas (incluindo atletas sem deficiência como guias, calheiros e goleiros), sendo 163 homens e 96 mulheres. Jamais uma missão brasileira em Jogos Paralímpicos no exterior teve tamanha proporção. Na última edição fora do Brasil, em Londres 2012, o Brasil compareceu com 178 atletas, até então a maior. O número para a capital japonesa só foi superado pela participação nos Jogos Rio 2016, já que o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por ser país-sede e contou 286 atletas no total.
– 100 ouros
O Brasil chegou à sua 100ª medalha de ouro na história dos Jogos Paralímpicos, na noite do último dia 30 de agosto (horário de Brasília). O responsável pela marca foi o fundista Yeltsin Jacques, do Mato Grosso do Sul, campeão na prova de 1.500m da classe T11 (cegos). Somando este pódio de Yeltsin Jacques, o Brasil já conquistou 336 medalhas na história dos Jogos Paralímpicos. No final dos Jogos de Tóquio, o Brasil terminou com as marcas de 109 medalhas de ouro, 132 de prata e 132 de bronze no total de todas as suas participações na história. Na capital japonesa, foram 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze – totalizando 72 pódios das 14 modalidades laureadas
Das 20 modalidades em que o Brasil esteve presente nos Jogos de Tóquio, 14 viram a bandeira brasileiro em alguma (ou algumas) cerimônias de pódio. Os atletas do país conquistaram medalhas em atletismo, natação, bocha, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cinco, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, remo, taekwondo, tênis de mesa, vôlei sentado. Até então, a melhor marca havia sido no Rio 2016, quando 13 modalidades deram 72 medalhas ao país.
– Recorde de medalhas douradas
Jamais o Brasil se apresentou tão vitorioso em Jogos Paralímpicos como em Tóquio 2020. Os 22 ouros são um feito inédito. Superou a campanha de Londres 2012, quando o país subiu ao ponto mais alto do pódio em 21 oportunidades. A meta do CPB sempre foi permanecer no Top 10 contando sempre as medalhas de ouro. No Rio 2016, por exemplo, foram 14 ouros. Ou seja, a missão brasileira em Tóquio teve um crescimento de 57% em relação à edição anterior dos Jogos, mesmo contando com uma delegação inferior em termos de integrantes em comparação com o time que representou o país na capital fluminense há cinco anos.
– Mais campeões em mais modalidades
Quanto mais modalidades premiadas, maior a possibilidade de diversificação dos medalhistas de ouro. Os Jogos Paralímpicos de Tóquio também entram para a história como a edição em que atletas de um maior número de esporte tiveram a honra de se sagrarem campeões paralímpicos. Oito modalidades foram responsáveis por estabelecer esta marca para o Brasil: atletismo, natação, halterofilismo, futebol de cinco, goalball, judô, canoagem e taekwondo. Até então, os brasileiros campeões ficavam concentrados em quatro ou cinco modalidades no máximo. No Rio 2016, por exemplo, apenas atletismo, natação, futebol de cinco e bocha alcançaram a glória máxima. Em Londres 2012, foram cinco, a melhor marca até então.
– O adeus de Daniel Dias
Após disputar quatro edições dos Jogos Paralímpicos (Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2021), o nadador Daniel Dias se despediu das piscinas, com a quarta colocação nos 50m livre da classe S5 (para atletas com comprometimentos físicos-motores) no Centro Aquático de Tóquio na manhã do dia 1º de setembro. O multimedalhista, que já havia anunciado a aposentadoria no último mês de janeiro, subiu 27 vezes ao pódio em quatro participações paralímpicas. É o atleta com mais pódios na história do Brasil – ao todo, foram 14 medalhas de ouro, sete de prata e seis de bronze.
O nadador, agora aposentado oficialmente das piscinas após os Jogos de Tóquio, foi eleito neste sábado, 4, membro do Conselho de Atletas do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês). O multimedalhista foi um dos seis escolhidos para o grupo, que representará os competidores pelos próximos três anos até os Jogos de Paris em 2024.
– Carol Santiago
O grande destaque brasileiro no Centro Aquático de Tóquio foi a pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (para atletas com deficiência visual), dona de cinco medalhas, quatro individuais (três de ouro e uma de bronze) e uma prata no revezamento 4x100m até 49 pontos. Ouro nos 50m e 100m livre, assim como nos 100m peito, a nadadora ainda bateu dois recordes paralímpicos em Tóquio: nos 50m livre (26s82) e 100m peito (1min14s89). Com isso, aos 36 anos, e na sua primeira participação em Jogos Paralímpicos, Carol voltou a levar a natação feminina paralímpica ao primeiro lugar após quase 20 anos do último título de Fabiana Sugimori em Atenas 2004, e liderou a melhor campanha brasileira da história na modalidade
– Natação quebra recorde de medalhas
A equipe brasileira conquistou 23 medalhas na natação no Japão, sendo oito de ouro, cinco de prata e dez de bronze, ficando na oitava posição – tanto no ranking por medalhas de ouro quanto pela soma geral dos pódios. Foram 19 pódios de Pequim 2008 e Rio 2016. Em relação às medalhas de ouro, a marca alcançada em Tóquio só foi abaixo dos pódios obtidos em Londres 2012, foram nove medalhas douradas na capital inglesa, porém todas concentradas em Daniel Dias e Andre Brasil. Já em Tóquio, o país foi campeão com cinco atletas: Carol Santiago, Wendell Belarmino, Talisson Glock, Gabriel Geraldo e Gabriel Bandeira.
– 5 ouros em um dia
A primeira sexta-feira dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no dia 27 de agosto, o Brasil atingiu a incrível marca de subir ao ponto mais alto do pódio por cinco vezes. Foi um recorde do país em Jogos Paralímpicos. O atletismo foi a modalidade que obteve mais douradas, com quatro campeões paralímpicos: Yeltsin Jacques (5.000m pela classe T11), Silvânia Costa (salto em distância pela classe T11), Petrúcio Ferreira (100m rasos pela classe T47) e Wallace dos Santos (arremesso de peso pela classe F55). O outro primeiro lugar no pódio do país aconteceu na natação, com a vitória de Wendell Belarmino nos 50m livre da classe S11. A última vez que o país havia experimentado tamanha façanha ocorreu no último dia de disputas dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, quando também faturou cinco ouros em um único dia.
– Novas estrelas
Nos Jogos Paralímpicos marcados pela despedida de Daniel Dias, também surgiram novas estrelas na natação ao lado de Maria Carolina Santiago. Um deles foi o mineiro Gabriel Geraldo Araújo, de 19 anos, que conquistou duas medalhas de ouro (200m livre e 50m costas) e uma prata (100m costas), sendo o primeiro medalhista brasileiro nesta edição dos Jogos. Outro jovem a despontar foi Gabriel Bandeira, ouro nos 100m borboleta da classe S14, com direito a recorde paralímpico. O paulista de Indaiatuba também subiu ao pódio nos 200m medley (prata), 200m livre (prata) e no revezamento misto 4x100m livre (bronze).
– Pratas inéditas
Quatro modalidades conseguiram, em Tóquio, conquistar pela primeira vez a medalha de prata na história dos Jogos Paralímpicos: esgrima, hipismo, tênis de mesa, e canoagem. O gaúcho Jovane Guissone conquistou a inédita medalha de prata na esgrima em cadeira de rodas, na categoria B da espada (para atletas com menor mobilidade de tronco e equilíbrio), enquanto o cavaleiro paulistano Rodolpho Riskalla, 36, ficou na segunda posição no hipismo, na disputa individual do Grau IV (comprometimento leve em um ou dois membros, além de atletas com deficiência visual moderada), com seu cavalo Don Henrico, da raça Hannoverane. Já Bruna Alexandre, mesmo derrotada na decisão pela classe 10, fez história ao ser a primeira mulher brasileira a chegar a uma final paralímpica do tênis de mesa em Jogos Paralímpicos. O canoísta Giovane Vieira, por sua vez, foi prata na prova dos 200m VL3 masculino e também levou a medalha pela primeira vez na história da modalidade .
– Parataekwondo
A estreia do parataekwondo no programa dos Jogos Paralímpicos foi especial para o Brasil. Os atletas Nathan Torquato, com a medalha de ouro, Débora Menezes, com a prata, e Silvana Fernandes, com o bronze, todos pela classe K44, conquistaram as primeiras medalhas do país já na estreia da modalidade na história dos Jogos.
– Agora que são elas
As mulheres brilharam no quinto dia de competições dos Jogos Paralímpicos de Tóquio (29 de agosto). Das sete medalhas conquistadas pelo Brasil naquele dia, quatro foram de ouro, e, três delas, vieram no feminino. Mariana D’Andrea, no halterofilismo, Carol Santiago, nos 50m livre da natação (S13) e Alana Maldonado, no judô (categoria até 70kg) levaram o Brasil no lugar mais alto do pódio em um só dia. No total, as muleheres brasileiras conquistaram, em Tóquio, sete ouros, sete pratas, e 12 bronzes, somando 26 medalhas, além de terem participado de três pódios mistos na natação. É, de longe, a melhor campanha feminina da história do Brasil, superando os cinco ouros de Sydney 2000 e as 19 medalhas no total conquistadas por elas em 2016.
A delegação brasileira paralímpica foi composta por 163 atletas homens e 96 atletas mulheres, o que significou uma representatividade de cerca de 37% feminina entre o total da delegação brasileira paralímpica. O aumento da participação das atletas em todas as modalidades paralímpicas é um dos pilares do planejamento estratégico 2017-2024 do CPB. A meta para os próximos anos é ocupar todas as vagas femininas que houver na delegação brasileira para a disputa dos Jogos. Para Tóquio 2020, a marca não foi possível porque o basquete feminino não se classificou.
– Canoagem é ouro
O Brasil conquistou uma inédita medalha de ouro durante a sua participação nos Jogos Paralímpicos de Tóquio na canoagem. O sul-mato-grossense Fernando Rufino, 36, venceu a disputa dos 200m VL2 (na canoa), no último sábado, 4. O canoísta brasileiro liderou a final de ponta a ponta e fez o melhor tempo da história da prova, com o tempo de 53s077, disputada nas raias do Sea Forest Waterway, na capital japonesa. Antes, o país havia conquistado um bronze na modalidade, com o atleta Caio Ribeiro, que ficou em terceiro lugar no Rio 2016, quando a canoagem entrou pela primeira vez no programa dos Jogos Paralímpicos.
– Futebol de 5 imbatível
A Seleção Brasileira de futebol de 5 venceu a Argentina por 1 a 0 na final dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no sábado, 4. O gol foi marcado por Nonato, artilheiro do Brasil na competição, com seis gols, a sete minutos do fim da partida disputada no Parque Esportivo Urbano de Aomi. Esta foi a quinta medalha de ouro brasileira na modalidade. Desde que o futebol de 5 passou a fazer parte do programa paralímpico, em Atenas 2004, o Brasil sempre foi campeão e nunca perdeu sequer uma partida. Agora, são 27 jogos da Seleção, em cinco edições paralímpicas, com 21 vitórias e seis empates. Em Tóquio, em cinco jogos, foram 13 gols marcados e nenhum sofrido.
– Ouro inédito (e merecido) do goalball
O Brasil fez história ao conquistar a inédita medalha de ouro no goalball masculino nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. O time subiu ao lugar mais alto do pódio após vencer a China por 7 a 2, na sexta-feira, 3, no Makuhari Messe Hall. Os gols do título foram marcados pelo capitão da equipe, Romário (1), Parazinho (3) e Leomon (3). Na modalidade, com a equipe masculina, o país só não havia conquistado a medalha dourada em Jogos Paralímpicos, já que os goalbolistas brasileiros haviam faturado a prata em Londres 2012, o bronze no Rio 2016, o bicampeonato mundial e o tricampeonato parapan-americano.
– 1º ouro no Halterofilismo
A paulista Mariana D’Andrea, de 23 anos, conquistou a primeira medalha de ouro brasileira no halterofilismo na história dos Jogos Paralímpicos. Na madrugada do domingo, 29, a atleta da categoria até 73kg, levantou 137 quilos e superou a chinesa Lili Xu, que ficou com a prata (134 quilos). Líder do ranking mundial na sua categoria, Mariana tem nanismo. Seu atual técnico, Valdecir Lopes, a viu nas ruas de Itu, no interior de São Paulo, em 2015, e a convidou para praticar halterofilismo. Além deste ouro conquistado em Tóquio, a atleta foi ouro na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo 2021 e também subiu ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.
– Alana maldonado
A judoca Alana Maldonado, de 26 anos, foi a primeira judoca brasileira a subir no lugar mais alto do pódio em uma edição de Jogos Paralímpicos. No domingo, 29, com um wazari, a paulista de Tupã derrotou a georgiana Ina Khaldan, na final da categoria até 70kg, e conquistou o inédito ouro para o judô brasileiro. Vale ressaltar que Alana também já havia sido a primeira brasileira campeã mundial de judô, em 2018.
– Ouro tirado do Brasil
Após ter quebrado o recorde paralímpico no arremesso de peso (classe F57), ao arremessar a 15,10m, o paulista Thiago Paulino teve este seu arremesso invalidado horas depois da prova, ficando com o bronze. No final, a marca válida de Thiago foi a de 14,77m. A invalidação do melhor arremesso do brasileiro aconteceu depois de uma reclamação do Comitê Paralímpico da China. A acusação é de que o brasileiro teria se levantado da cadeira no arremesso que valeu o ouro, especificamente o segundo e o terceiro arremessos. O Brasil apresentou imagens dos arremessos de Thiago em que não havia qualquer indício de infração. A alegação do júri foi de que o vídeo acusatório seria de outro ângulo, mas se recusou a mostrar a imagem que embasou a decisão.
– A força do campo
As provas de campo do atletismo renderam excelentes resultados ao Brasil. Quatro dos oito ouros da modalidade vieram das disputas de arremesso de peso ou lançamento de disco. Das 28 medalhas conquistadas pelo Brasil no Estádio Nacional de Tóquio, 13 vieram do campo. Uma tendência que tem acontecido desde o Mundial de Dubai de 2019, quando seis dos 14 ouros brasileiros vieram das disciplinas disputadas no campo.
– A base vem forte
Petrúcio Ferreira, Wendell Belarmino, Nathan Torquato, Gabriel Geraldo, Gabriel Bandeira, Débora Carneiro, Cecília Araújo, Jardênia Silva, Mariana D’Andrea. Estes são alguns dos nomes de atletas com 24 anos ou menos que brilharam em Tóquio e levaram a bandeira brasileira ao pódio durante os Jogos Paralímpicos da capital japonesa. Diferentemente dos Jogos do Rio 2016, quando experimentamos o ocaso de uma grande geração de atletas vencedores, os Jogos de Tóquio simbolizam o surgimento de novos ídolos. Só para ter uma ideia do impacto da presença dos jovens, a maioria deles oriundos das Paralimpíadas Escolares promovidas anualmente pelo CPB, 15 medalhas de ouros saíram de provas individuais e o revezamento da natação disputadas por pessoas nesta faixa etária.
– Só faltam três anos para Paris 2024
Passa rapidinho, daqui a pouco nossos atletas estarão de volta às quadras, arenas, piscinas, canchas e pistas paralímpicas para bater mais recordes, conquistar mais medalhas, emocionar ainda mais o Brasil. (Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro)