Xô preconceito! Parada levou 30 mil pessoas à praça em dia de cor, música e amor
A 18º Parada LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, etc) levou 30 mil pessoas à Praça do Rádio no sábado (28), em Campo Grande, segundo os organizadores do evento. Na rua, mais uma vez teve discursos de luta, resistência e aceitação. “É uma forma de mostrar a todos que somos seres humanos”, destacou o esteticista, Erick Galeano Benites.
A Parada começou cedo, às 8h já tinha gente na praça participando das ações sociais. A partir das 15h, o público iniciou passeata que seguiu até a rua Dom Aquino, depois Padre João Crippa, e Barão do Rio Branco, até retornarem ao ponto de partida. O trio elétrico não deixou ninguém desaminar, ao som dos funks e músicas pop.
O palco para os shows foi montado no centro da praça, que lotou de gente. Quase não dava para se mexer, mas cada um em seu “quadrado” soube aproveitar a programação que contou com apresentações de cantores, DJs, bandas, performances de drags e até desfile com miss LGBT.
O evento era para encerrar às 22h em ponto, mas o público estava tão animado que valeu ficar mais um pouquinho. A organizadora da Parada, Cris Stefanny está a frente do evento desde 2002. O espaço cheio para ela “é reinventar o movimento que estava adormecido”. “O momento exige, é propício e pela negação da nossa existência, somos a resistência”, frisou.
Durante todo o dia, as pessoas repetiram histórias para lembrar o quanto avançamos no quesito diversidade, mas que não dá para baixar a guarda. Aos 14 anos, ele se descobriu homossexual, mas teve que se manter em segredo por conta da família. “Sou filho de pastor. Foi uma briga, estou voltando a falar com meus parentes. Entretanto, o meu sonho é ser livre”, disse.
Ele participa da parada todos os anos e sempre está com uma fantasia diferente. “Em 2018 vim de demônio, pois todos nos chamam assim, como se fossemos bicho. Neste ano, vim de unicórnio representando o público LGBT”.
A cabeleireira Skarleth Almeida deu um tom mais sério ao encontro, apesar do clima festa, ela lembra que o evento não é um Carnaval fora de época. “É importante mostrar que o preconceito existe em todas as classes, porém, temos que combater. É preciso respeitar as diferenças”, frisou.
Skarleth descobriu que é gay quando tinha 14 anos, mas não entendia o que estava acontecendo. Resolveu se assumir aos 19 e hoje, com 42 anos, se lembra das dificuldades que enfrentou por conta da opção sexual. “Venho de uma geração que apanhava na rua. Na minha época era mais complicado se assumir, mas hoje homofobia é crime. Percebo que mais pessoas estão se assumindo”.
Simone Hoffman curtiu e dançou com os amigos. Ela é enfermeira e há nove anos participa da parada e lutando por direitos. “Vim reivindicar isso. Sou lésbica desde os 15 anos, e enfrentar o preconceito é dizer pra você mesma ‘hoje estou vivo’. Quero respeito”, disse. “Sinto falta de eventos assim na cidade”.
Já Henri Amorim de 26 anos veio de Nova Alvorada para conhecer a Parada e mostrar que faz parte do clube da resistência. “O nosso Estado é preconceituoso, mas a gente resiste. O fervo também é luta. Vamos às ruas ocupar os espaços, pois existimos. Que as pessoas tenham mais empatia uma com as outras”, pediu.
(Fonte: Campograndenews)