No MS, Bioparque garante inclusão de pessoas cegas com visitas guiadas e uso de tecnologia
O passeio no Bioparque Pantanal é fonte de conhecimento e experiências para os visitantes, inclusive para pessoas com deficiência. “A maneira que eu tenho de ver, é tocando”, afirma o professor Márcio Ximenes Ramos, 42 anos, que é cego.
Para atender ao público específico, de cegos e pessoas com baixa visão, o Bioparque oferece visitação guiada e uso de recursos tecnológicos que contribuem na autonomia e inclusão. Inaugurado em 28 de março de 2022, o local abriu as portas ao público em maio do ano passado, e imediatamente passou a ser referência em inclusão e acessibilidade.
Além de possibilitar o uso de tecnologia para visitantes com deficiência durante os passeios, a equipe de guias auxilia pessoas cegas para que a experiência seja realmente inesquecível. “Todos estamos preparados para fazer o atendimento. Recentemente eu vi uma filha levando o pai, e ela parava em cada tanque e dizia que tinham peixes e mais peixes. Eu acabei acompanhando e ele se encantou, pois fazemos a descrição de tudo em detalhes”, afirma Marcele Nogueira, da equipe de atendimento do Bioparque.
Além de todos os auxílios, o local também tem a experiência tátil, que é disponível exclusivamente para pessoas cegas ou com baixa visão. “Temos um protocolo de atendimento acessível, com tecnologia assistiva para todas as pessoas com deficiência. No caso das pessoas cegas, somente elas podem colocar uma luva e tatear tanques e também os itens, como os animais expostos. É algo único”, afirmou a diretora-geral do Bioparque, Maria Fernanda Balestier.
A estudante de psicologia Monique Lopes Marques, 24 anos, fez o passeio acompanhada de uma guia. “É a primeira vez que participo de algo assim, que posso tocar. É muito legal ter alguém para acompanhar, fazer a áudio descrição. Pude entender e aproveitar. Já estive em um museu antes, mas foi a minha primeira experiência de passei inclusivo, e adorei”.
O professor José Aparecido da Costa é cego e atua no Laboratório de Pesquisa em Acessibilidade, Educação Especial e Inclusão da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Ele auxilia nas ações que envolvem o atendimento inclusivo e defende o uso de tecnologia para auxílio nas atividades do Bioparque. “Nós procuramos verificar quais as necessidades para melhoria da recepção das pessoas com deficiência no local. A tecnologia favorece a interação e permite melhor acesso possível aos recursos e serviços. Fiz contato com várias pessoas com deficiência para colher impressões e poder aprimorar o que é oferecido”.
A áudio descrição e a acessibilidade para o uso do tablet foram algumas das melhorias implantadas. Porém, o trabalho feito pelos guias é a grande estrela do atendimento as pessoas com deficiência. “Com o guia a pessoa fica com as mãos livres e pode ter a interação necessária para melhorar a experiência. Mesmo assim oferecemos os demais auxílios na visita. Atualmente estamos testando um assistente de voz, para melhorar o atendimento as pessoas cegas, que vai melhorar ainda mais o passeio”, explicou José.
O professor Márcio visitou o Bioparque inúmeras vezes, tantas que perdeu as contas. “Estive em vários momentos, a primeira vez foi antes de abrir para o público, visitei para verificar as condições. Naquele dia já tinha gostado, mas pontuei algumas mudanças necessárias para melhorar. Eu também dei a ideia de poder tocar, e aí colocaram as luvas. É emocionante poder pegar nos animais, algo que ficou na minha memória foi a onça enorme”.
Atendimento inclusivo – O Bioparque atende de forma diferenciada as pessoas com deficiência e até aquelas que estão acamadas. Para isto são usadas tecnologias e inovações aos deficientes visuais e auditivos, tendo professores intérpretes, tablets com alta definição em libras em todos os espaços, guia do local em braile e experiência tátil.
O maior aquário de água doce do mundo conta com cerca de 40 mil peixes e 358 espécies de animais. O espaço contempla 31 tanques de exposições no Circuito de Aquários e registra reproduções inéditas para a ciência, como o axolote e o cascudo-viola, sendo esse último ameaçado de extinção.
(Por Natalia Yahn, da assessoria – Fotos: Bruno Rezende)