Veredas da Alma: Livro de poesias de Gicelma Chacarosqui é elogiado pela crítica acadêmica

A professora doutora Gicelma Chacarosqui, da Faculdade de Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) comemora o sucesso de seu livro de poesias ” Veredas da Alma”.

O mais recente elogio da crítica especializada vem do Nordeste, expressado num texto endereçado à escritora, o professor doutor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), exalta a qualidade literária, linguística e poética da publicação da professora douradense.

Igor Rossoni é professor doutor associado da Universidade Federal da Bahia, ensaísta e escritor. Ele tem experiência na área de Letras, com ênfase em literatura brasileira e teoria da literatura.

 

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” Gicelma,

Acabei de ler Veredas da alma; e – súbito – deparei-me com dois movimentos que se tomam urgência: me tocaram e ainda hoje o fazem.

O primeiro, de um tempo remoto. O andor silencioso de manhãs pantaneiras, ruas de paralelepípedos, o ar espessamente límpido de quase etéreo a resvalar de muito leve a presença da gente e a memória de hoje.

Uma quadra em que as palavras ainda não entreteciam o sentido de ausência que agora abismam: o pulso no cisco das recordações.

Aos poucos, as horas alumiam em palavras ditas por silenciamentos: o escorrer vertiginoso de rio mareado ante florifrutificação de Piraputangas e Jacintos d’água.

E, logo ali.

O torpor das tardes enfermiças-de-doer a vastidão de mil-sóis à espera de breve entardecimento.

Então: as estrelas.

O segundo, um resvalo de libertina viscosidade. A cópula das palavras na sede destas águas − ora, cristalinas; ora, vibrantes e gozosas – cheiros, afetos, doces lubricidades a rodear rumores menos esperados. O aceno melancólico e sereno de dedos no do-por-dentro delas mesmas; a adição de pequenas aflições por espasmos fragilizados diante do prazer incontido: vertigens e invernadas.

Assim, dançam.

O ventre pousado à lume; virginal a romper auroras e ofegâncias: as palavras de tuas palavras. O solar esturdio das vozes de tua voz, como sugeres: no silêncio de revoadas por ninhais-de-letras em suspensão.

Do que dizes, vale mais o que se mantem por encoberto – rolares e sensações. É, talvez, o que permanece: brota, explode:

E o azul se tingiu

      De pipa

− movimento profuso e insano da eloquência que beira aos deslimites de teus afetos. Aí a sagaz vitalidade:

As antropofagias vivas são as mais saborosas.

Para tão pouco, por fim, rotundam cursos como rios – solfejam; profundos. Ignoram assoreamentos e percursam, assim-assim, queridamente calados.”

Igor Rossoni

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