FOGO CONSUMIU 40% DE TODO O PANTANAL MATO-GROSSENSE

O ano de 2020 foi de devastação do Pantanal com queimadas que chegaram a destruir cerca de 2,15 milhões de hectares – Foto: Mário Friedlander

O ano de 2020 foi de devastação do Pantanal com queimadas que chegaram a destruir 40% de todo o bioma, equivalente a 2,15 milhões de hectares.

O levantamento foi feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados da plataforma Global Fire Emissions Database, da NASA (National Aeronautics and Space Administration).

Um incêndio de grandes proporções iniciou em meados de julho, nas proximidades da Rodovia Transpantaneira, em Poconé (104 km de Cuiabá).

Incontrolável, o incêndio se alastrou rapidamente com os fortes ventos na região e com a vegetação seca.

O Corpo de Bombeiros enfrentou dificuldades para combater as chamas, por isso o Governo Federal deflagrou a Operação Pantanal II no dia 7 de agosto.

Foram 136 pessoas atuando no combate às chamas, sendo 37 militares do Corpo de Bombeiros Militar de mato Grosso, 33 militares da Marinha do Brasil, 21 funcionários do SESC, 15 do ICMBio, 14 do IBAMA, 12 militares do CBM de Mato Grosso do Sul e quatro servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

Ainda no início de agosto, o fogo começou a avançar pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal e ameaçou atingir o hotel Sesc Porto Cercado.

Dano à fauna e flora

 

O fogo alto consumiu toda a vegetação rapidamente, deixando apenas o rastro de destruição. O verde vivo e o azul intenso das planícies do Pantanal deram lugar ao cinza e marrom provocados pelo fogo e seca.

O incêndio florestal atingiu a região do Parque Estadual Encontro das Águas, região com maior concentração de onças pintadas no mundo. Mais de 70% de sua área foi consumida pelas chamas.

Fotojornalistas que estivem cobrindo de perto a devastação do bioma relataram um cenário de morte da natureza nunca antes visto no Estado.

As imagens são chocantes. Carcaças de jacarés, onças, capivaras e outros animais de médio porte eram encontradas após a passagem do fogo.

Sem água e alimentos, os animais que conseguiram escapar das chamas precisariam lidar com outro obstáculo para a sobrevivência, a chamada “fome cinzenta”.

Alguns, como uma onça pintada e um tamanduá-bandeira, foram resgatados pelas equipes de brigadistas com intensas queimaduras.

A situação, mesmo com escassas chuvas, se arrastou até meados de novembro. A recuperação da flora não tem a velocidade suficiente para dar conta da necessidade dos animais.

Fumaça em Cuiabá

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Durante meses a fio, a Capital mato-grossense também foi afetada pelas queimadas no Pantanal, não muito distante.

A fumaça produzida pelos incêndios chegou até Cuiabá, encobrindo o céu e impedindo a passagem dos raios solares.

Entre agosto e setembro, a cidade foi tomada por nuvens de fumaça, que foi trazida pelos ventos em direção à Capital.

Além de dificultar a visibilidade em vários pontos da cidade durante dias seguidos, a fumaça também causou diversos problemas respiratórios em meio à pandemia de coronavírus.

Somente no final de setembro a fumaça que estacionou sobre a cidade começou a se dissipar com a chegada das primeiras chuvas.

Investigação

Laudos das perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontaram que os incêndios registrados na região do Pantanal mato-grossense foram provocados por ação humana.

Os laudos foram encaminhados para a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) para que seja aberto inquérito e responsabilização dos infratores.

No dia 18 de dezembro, a Polícia Civil também deflagrou a Operação Abuterum, de combate a crimes de incêndios ilegais e delitos conexos. A operação tem apoio do Corpo de Bombeiros, Politec e Batalhão Ambiental.

A investigação tem o acompanhamento do Ministério Público Estadual e é relacionada a delitos ocorridos, especialmente, nas regiões do Pantanal Norte e Baixada Cuiabana. (Por Bianca Fujimori, do Midianews)

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