Acadêmicos de Dourados avaliam uso de plantas para remover herbicida da água
Plantas que ajudam a descontaminar a água ou a terra, retirando metais pesados e até os agrotóxicos? Elas existem e são chamadas de plantas fitorremediadoras. Em uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Dourados, a macrófita aquática Salvinia biloba Raddi (Salviniaceae) foi avaliada quanto ao seu potencial para fitorremediar águas contaminadas com o herbicida glifosato.
A espécie vegetal estudada é amplamente distribuída em lagos e rios do Mato Grosso do Sul, e é conhecida popularmente como marrequinha.
A doutoranda em Recursos Naturais, Jaqueline da Silva Santos, orientada pelos professores Etenaldo Felipe Santiago e Gilberto Arruda, iniciou a pesquisa avaliando a tolerância das macrófitas aquáticas quando expostas ao contato com o agrotóxico (o glifosato é um dos herbicidas mais utilizados no mundo para destruir ou controlar as plantas daninhas na agricultura).
Após o estudo de parâmetros fisiológicos, que são utilizados para avaliar a “saúde” da planta frente à contaminação, foi concluído que a Salvínia se mostrou eficaz na remoção do pesticida da água.
A pesquisa foi realizada em ambiente controlado, onde foram colocadas concentrações determinadas do pesticida, e uma semana após receber as plantas, a água é avaliada para se analisar se a quantidade de pesticidas diminuiu ou não. Então se diminuiu a concentração inicial de pesticida na água que recebeu planta, significa que a planta o removeu.
De acordo com a pesquisadora, é comprovado por várias pesquisas científicas que diversas macrófitas aquáticas são eficientes na retirada de contaminantes da água, contudo as pesquisas se concentram, principalmente, em metais pesados, não em moléculas orgânicas, como é o caso do glifosato.
No Brasil, a fitorremediação ainda é pouco utilizada na remediação de solo e de água contaminada, todavia em alguns estados já é utilizada no tratamento de esgoto. “Decidimos apostar em algo um pouco distinto dos estudos já relatados na literatura, que é testar uma planta para remover um herbicida (o glifosato), então este é o diferencial da pesquisa”, explicou Jaqueline.
Os sensores utilizados para a detecção dos níveis de agrotóxico na água também foram desenvolvidos nos laboratórios da própria UEMS. Foram feitas diversas tentativas e modificações para deixar os sensores mais sensíveis, pois quanto mais sensíveis, menores quantidades de contaminante eles conseguem determinar na água.