Militantes do MST são mortos a tiros por encapuzados em acampamento na Paraíba

Os dois militantes assassinados eram coordenadores do acampamento D. José Maria Pires, em Alhambra, na Paraíba

Dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foram mortos a tiros, na noite deste sábado, 8, no interior de um acampamento, no município de Alhambra, a 45 km da capital da Paraíba. De acordo com testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, criminosos encapuzados invadiram o acampamento D. José Maria Pires, foram ao local e assassinaram os dois homens que estavam jantando.

Conforme o MST, as vítimas eram Rodrigo Celestino e José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando. Eles foram identificados pelo movimento como coordenadores do acampamento. Para o MST, este fato “evidencia o caráter de crime para intimidar a luta pela terra”. Não há, até o momento, informações oficiais sobre a motivação dos crimes.

A Polícia Militar informou que realizava buscas neste domingo, 9, na tentativa de prender os suspeitos. Até a tarde, ninguém tinha sido preso.

De acordo com a 1ª. Companhia da PM de Alhambra, foram recolhidas no local cápsulas de espingarda calibre 16 e de revólver calibre 38. Outros acampados estavam no local, mas os tiros foram direcionados para as duas vítimas, segundo as testemunhas. A Polícia Civil informou que trata o caso como execução, pois os homens renderam os dois líderes e mandaram os outros acampados se afastarem, antes de fazer os disparos.

O acampamento fica na Fazenda Garapu, que foi ocupada pelos sem-terra em julho de 2017. Conforme o MST, as terras estavam abandonadas. Atualmente, no local vivem 450 famílias que fazem cultivo de subsistência.

Os corpos das vítimas passaram por necropsia no Instituto de Criminalística de João Pessoa. O corpo de Orlando será sepultado no município de Pari (PB), neste domingo. Ele era irmão de Odilon da Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também assassinado, há 9 anos, na Paraíba. O corpo de Celestino será sepultado na capital também neste domingo.

Em nota, o MST pediu a punição dos assassinos dos trabalhadores rurais. “Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detêm o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.”

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados em abril indicam aumento da violência no campo. Em 2017, houve 70 assassinados relacionados a disputas de terra no Brasil, o maior número desde 2003, quando houve 73 mortes. Em 2016, tinham sido registradas 61 e, no ano anterior, 50 mortes.

(Fonte: Estadão)

 

 

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