Mulheres compartilham o mesmo fígado após cirurgia rara
Após a realização de uma cirurgia rara e inovadora feita nos EUA, duas mulheres compartilham agora o mesmo fígado. O transplante, considerado complexo, partiu em duas porções distintas o fígado de um único doador e implantou uma parte em cada uma das pacientes, chamadas agora de “irmãs de fígado dividido”.
De acordo com o The Washington Post, a cirurgia ocorreu em julho de 2020 e contou com dois médicos cirurgiões, que implantaram o órgão em Maria Contreras e Monica Davis ao mesmo tempo. “Este é um procedimento extremamente raro”, disse Koji Hashimoto, cirurgião da Cleveland Clinic que realizou uma das operações.
Ambas as pacientes, que são de Ohio, EUA, foram diagnosticadas com cirrose hepática na mesma época, em 2014. Davis não queria o transplante, mas aceitou, cinco anos após o diagnóstico, entrar na lista de mais de 100.000 americanos que precisam do procedimento. Contreras já fazia parte da fila de espera há alguns anos. As duas se encaixavam nos principais fatores que devem ser considerados antes de um transplante de fígado dividido, o que levou à escolha das candidatas.
“O tamanho do paciente determina o tamanho do fígado necessário. Também é muito importante levar em consideração o quanto o paciente está doente. Se você tem um paciente realmente doente, você precisa de um fígado maior”, explicou Hashimoto.
“Temos que usar técnicas muito complexas para dividir o fígado em duas partes”, acrescentou o médico, explicando que a qualidade do órgão é naturalmente diminuída quando ele é dividido, sendo necessário um doador jovem e saudável para o procedimento.
Transplante de fígado dividido
O transplante de fígado dividido foi realizado pela primeira vez na Alemanha, no final da década de 1980, e foi feito inicialmente em um paciente pediátrico e outro adulto.
Realizar o procedimento entre dois adultos é muito mais complexo e raro, já que quando se trata de uma criança a porcentagem do fígado para ela pode ser menor. Além disso, “é muito mais trabalhoso” porque requer três equipes médicas atuando ao mesmo tempo.
“Eu estava feliz porque eu ia ter um novo fígado”, disse Contreras. “Não importava se era metade ou inteiro. Eu estava apenas pensando em uma nova vida.”
“Estou feliz por essa opção estar disponível, porque duas pessoas receberam uma bênção naquele dia”, acrescentou Davis.
Por incrível que pareça, ambas as pacientes só se conheceram após a recuperação completa da cirurgia. Devido as medidas de segurança impostas pela Covid-19, e elas serem parte do grupo de risco, as mulheres só se viram pela primeira vez em abril deste ano.
“Foi ótimo conhecer minha irmã”, disse Davis. “[A proximidade] foi tão poderosa para mim, é difícil de descrever.”
“Quando nos conhecemos, eu chorei, a abracei, pulei com ela. Eu podia sentir a conexão. Fiquei tão feliz e disse: ‘Obrigado Deus’, porque Ele não apenas me deu uma nova vida, mas também uma nova irmã”, acrescentou Contreras.
(Fonte: Olhar digital)