O que a ‘capital do agronegócio’ tem a ver com os atos antidemocráticos

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou bloquear as contas bancárias de 43 empresas e pessoas físicas suspeitas de financiar os atos antidemocráticos promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial. A maioria dos alvos está localizada no Mato Grosso, em Sorriso, cidade conhecida como “capital do agronegócio”.

Sorriso, a pouco mais de 400 km de Cuiabá, teve o maior valor de produção agrícola do país em 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com alta de 86,4% na comparação com 2020. O município também é o maior produtor de soja do país.

Entre as companhias listadas por Moraes estão transportadoras, empresas de material de construção e fábricas de peças. Na decisão, o ministro cita que mais de 100 caminhões se deslocaram para Brasília com o objetivo de “reforçar os atos criminosos e antidemocráticos”. Manifestantes estão acampados na capital há dias, pedindo golpe militar e contestando o resultado das urnas.

“Efetivamente, o deslocamento inautêntico e coordenado de caminhões para Brasília/DF para ilícita reunião nos arredores do Quartel General do Exército, com fins de rompimento da ordem constitucional — inclusive com pedidos de ‘intervenção federal’, mediante interpretação absurda do art. 142 da Constituição Federal —, pode configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)”, escreveu Moraes na decisão que determinou os bloqueios de contas bancárias.

O setor do agronegócio foi um dos que mais se alinharam a Bolsonaro na campanha eleitoral e foi criticado por Lula, que disse que parte do segmento é “fascista” e “direitista”. O presidente eleito tenta agora uma aproximação com os agricultores, tendo como principais interlocutores o deputado federal Neri Geller (PP) e o senador Carlos Fávaro (PSD), ambos do Mato Grosso.

Na quarta-feira, 16, durante participação na COP27, no Egito, Lula acenou ao setor. “Estou certo de que o agronegócio brasileiro será um aliado estratégico do nosso governo na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia e educação no campo, valorizando os conhecimentos dos povos originários e comunidades locais. No Brasil há vários exemplos exitosos de agroflorestas”, disse. (Fonte: Revista Veja)

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