Cota Zero: MT perde o prazo para criar registro e pescadores ficam a ver navios

Aprovada em julho, uma lei bancada pelo governo Mauro Mendes (União Brasil) interrompe pescarias no Mato Grosso, de 2024 a 2029. Mas após os 60 dias de prazo legal, o registro de pescadores não andou, denuncia o Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad)

“O Estado de Mato Grosso deverá regulamentar o Registro Estadual de Pescadores Profissionais – REPESCA em até 60 (sessenta) dias da publicação desta Lei”, diz o regramento publicado há pouco mais de dois meses no Diário Oficial Estadual.

As pessoas listadas no Repesca teriam direito a um salário mínimo durante a paralisação. Atualmente, o valor está em R$ 1.320, o que estaria bem abaixo da renda mensal média dos pescadores estaduais, de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil.

A situação se agrava com a proximidade da piracema, período de reprodução dos peixes e de veto total à pesca, que inicia em duas semanas. A angústia é sentida por Benedito Ribeiro, pescador em Santo Antônio do Leverger.

Segundo ele, a categoria está “sofrendo mentalmente” com a lei e não sabe o que será daqui para frente. “O Governo apenas determinou uma proibição. Não temos informação sobre nada”, reclama.

“Sou da terceira geração de pescadores e não sei o que será da minha vida a partir de 1º janeiro de 2024. Não queremos riqueza, fortuna. Queremos trabalhar com o que aprendemos a trabalhar”, explica Ribeiro.

Além do Repesca, a lei mato-grossense prevê programas para requalificação dos pescadores, como em turismo ecológico e pesqueiro, ou aquicultura sustentável. Sobre isso, também não haveria informações oficiais.

o

“Eu tenho 49 anos de idade. Não sei fazer outra coisa. Como eu vou entrar no mercado de trabalho com essa idade, sem qualificação? É um absurdo o que querem fazer com a gente”, acrescenta o pescador Firmo Neto, também conforme o Formad.

Desde a aprovação, os desdobramentos da lei têm parca divulgação. As incertezas envolvem especialmente se será possível seguir com a pesca e quanto à sobrevivência das famílias.

A lei quer conter a pesca predatória vetando transportar, armazenar e comercializar pescado dos rios estaduais. Permitiria apenas o “pesque e solte”, uma atividade desconectada da pesca artesanal.

A legislação mato-grossense foi inspirada na de Goiás, que completou 10 anos em julho passado. “A medida tem se mostrado eficaz na preservação das espécies aquáticas e no fomento ao turismo de pesca esportiva”, diz a Assembleia Legislativa goiana.

(Fonte: oeco)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *