Mazé Chotil apresenta livros na Capital em conversa com escritores
A jornalista, escritora e historiadora sul-mato-grossense Mazé Torquato Chotil participou, em Campo Grande, no início desta semana, de dois eventos literários, na terça-feira (22) de um encontro com acadêmicos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), campus da Capital e, na quarta-feira (23), de uma conversa com escritores, no Café Doce Lembrança, no centro da cidade. Participaram da conversa a poetisa Deslanieve Daspet, pelo Pen Clube do Brasil, representação do MS e escritora e editora Mara Calvis, que organizou a recepção.
Mazé Chotil também levará seus eventos literários para Dourados, onde nesta quinta-feira (24) apresenta suas obras na Univesidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a partir das 19h30, em Conversas de Ofício, com o tema “O MS nas minhas produções”, pelo Programa de Graduação em História (PPGH) e em Letras (PPG-Letras), daquela instituição universitária. Ainda em Dourados, neste sábado (26), Mazé participa do 1º Encontro Letras de Nossa Gente, na Biblioteca Tenda dos Livros, no Ceper do BNH-3º Plano, das 14 às 16h. Depois, Mazé viaja para Glória de Dourados, sua terra natal, onde participa de encontros literários com estudantes e público.
Mazé Torquato Chotil é brasileira, natural de Glória de Dourados (MS), de onde saiu jovem para a capital de São Paulo, para estudar. De lá, depois de formar-se, partiu para a França, onde se casou com o poeta e compositor francês Bernard Chotil e mora há 40 anos, passando a escrever sobre a história de seus pais, que se mudaram da região Nordeste do Brasil, para o Centro-Oeste, em terras para cultivo, entregues a agricultores na Colônia Agrícola Nacional Dourados (CAND), pelo então presidente Getúlio Vargas.
Em Paris, Mazé concluiu outros estudos superiores e mergulhou de vez na arte literária, escrevendo romances, biografias e apoiando escritores de língua portuguesa na capital francesa, bem como a estrangeiros que convergiram e convergem para a Cidade Luz. Foi em Paris que Mazé passou a compartilhar suas experiências literárias com o público lusófono, os próprios franceses e, claro, com uma excelente receptividade do leitor brasileiro, desde sua obra inicial, Lembranças do Sítio, até a mais recente, Mares Agitados, na periferia dos anos 70, entre seus 14 livros publicados e apresentados na Capital sul-mato-grossense esta semana.
A escritora foi entrevistada pela poetisa Deslanieve Daspet, em sua página social, com transmissão ao vivo pela internet, atingindo o público brasileiro e em diversos países do exterior. Deslanieve, além de representar o Pen Clube Brasil no Estado, é também presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul (Aflams) e tem promovido encontros literários naquele espaço como apoio a escritores e artistas sul-mato-grossenses e, declarou, na abertura, que o evento tem como finalidade de divulgar os autores dentro do Estado e também aos que visitam Mato Grosso do Sul, para os membros do Pen Clube do Brasil em todo o País e no exterior.
A escritora brasileira passou a responder às questões elaboradas pela representante e membros do Pen Clube do Brasil, destacando o lançamento de sua mais recente produção literária, Mares Agitados, na Periferia dos Anos 1970, que explicou ter se inspirado na primeira viagem fora do Estado para um lugar distante da família, a cidade de Osasco (São Paulo), onde passou a residir para estudar e trabalhar. “O livro traz minhas experiências como jovem estudante, a partir de 1968, em que ocorria no Brasil a ditadura militar que governou o País até meados da década dos anos 80 e faço uma retrospectiva do que vivenciei e vi naqueles períodos, como, residindo em comunidade das periferias”, afirmou Mazé.
Ela discorreu também sobre os livros Maria d´Apparecida Negraluminosa Voz, sobre a cantora lírica brasileira Maria D´Apparecida, que viveu na França até sua morte e cuja trajetória de vida e de música clássica e popular brasileira foi resgatada por Mazé. Citou a biografia do líder sindicalista José Ibrahim, exilado no exterior; o contato com os povos originários com Nascentes Vivas; os livros de memórias de seu convívio familiar e social, com Lembranças do Sítio, Lembranças da Vila e Minha Aventura na Colonização do Oeste, explicando cada tema relacionado aos títulos publicados.
Mazé também foi questionada sobre outros aspectos de sua vida social, profissional e literária, esclacendo que, quando decidiu ir para o exterior, pensava inicialmente no aprendizado do idioma inglês, porém, que escolheu Paris porque teve imediata identidade com a capital francesa. “Nunca me senti uma imigrante, não solicitei a nacionalidade francesa, mas permaneci como brasileira, casada com um francês, criando filhos e continuando com meu trabalho na educação e na literatura”, destacou a autora.
Sobre o apoio aos escritores e artistas brasileiros que têm recebido seu apoio para apresentações na França, Mazé explicou que, durante esses 40 anos de vivência naquele País, conseguiu conquistar muitas amizades, realizou contatos com autoridades e que, quando necessário apoiar algum conterrâneo ou estrangeiro que pede sua colaboração, procura as instituições com as quais tem algum tipo de relacionamento e os meios necessários para divulgar os trabalhos apresentados pelos colegas e artistas. “Daqui de Mato Grosso do Sul tive o prazer de receber em Paris o escritor e poeta Henrique de Medeiros, o artista visual Jonir Figueiredo e mais recentemente o violonista Marcelo Fernandes e a cantora Ana Lúcia, que se apresentaram na Europa e outros brasileiros e artistas e escritores de outros países que divulgaram seus trabalhos na França”, explicou a escritora.
O crepúsculo literário na Capital foi encerrado com uma apresentação do violonista Marcelo Fernandes e entrevistas com o público presente. Também participaram do encontro o artista visual Jonir Figueiredo, a poetisa e escritora Raquel Naveira; o escritor Nelson Vieira e a professora Olga Nobuko Totumi, que é da mesma cidade de Mazé, Glória de Dourados e trabalhou na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. (Texto e fotos Elvio Lopes)